Há quem diga que o cavalo representa o aspecto mais romântico do xadrez. Entre todas as peças deste jogo, o cavalo é a única que se move de uma forma não linear: duas casas numa dimensão por uma na outra ou vice-versa. Essa forma de se movimentar conjugada com a possibilidade de passar sobre as peças suas companheiras ou as peças de cor oposta podem gerar posições estranhas e quase imprevisíveis. Veja-se a título de exemplo a posição abaixo atingida numa prova em ritmo clássico, após 7 jogadas (Ataque duplo de cavalo das brancas, e negras simultaneamente limitadas nos movimentos de Rei e Dama).
Tanto quanto sabemos, o cavalo é uma peça que não alterou a sua forma de movimento ao longo do tempo (veja por exemplo o livro focado no anterior artigo). Quando nos perguntamos qual será a origem deste estranho movimento não será fácil encontrar uma resposta. Porém uma das perspectivas que mais justifica o movimento indica que sendo as peças de xadrez uma representação do exército, o movimento de cavalo teria vantagem estratégica em flanquear, movimento em L, uma formação de peões. Já se o cavalo tivesse um movimento linear os peões poderiam mais facilmente igualar com formação compacta e longas lanças. Porém, esta justificação parece mais estratégia militar do século 18 e 19 do que a estratégia militar do século 5 ou 6, período em que terá sido criado o xadrez.
Os ataques duplos de cavalos são ferozes armas tácticas do meu jogo e dos finais. E o cavalo é uma das peças que possibilita maior vantagem em partidas jogadas em ritmo de rápidas.
No próximo apontamento abordamos uma questão muito em voga actualmente em problemas de encriptação de dados o passeio de cavalo. Neste, o cavalo percorre toda a área do tabuleiro em apenas 64 movimentos.